Com revisão, número de empregos formais criados em 2020 cai quase pela metade

Número de postos criados no ano passado caiu de 142.690 para 75.883. Ministério diz que diferença decorre de declarações feitas por empresas fora do prazo e transição para eSocial. 

Uma revisão de dados feita pelo Ministério do Trabalho e Previdência indica o número de empregos com carteira assinada criados no país em 2020 foi quase a metade do inicialmente divulgado pelo governo.

Em janeiro deste ano, o governo informou que o Brasil havia gerado 142.690 empregos com carteira assinada em todo ano passado, citando dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Na ocasião, os números foram divulgados pelo Ministério da Economia e o ministro Paulo Guedes declarou que o resultado do mercado de emprego em 2020, primeiro ano da pandemia da Covid-19 e em que o Produto Interno Bruto caiu 4,5%, era uma “grande notícia”.

Pessoa segura carteira de trabalho em mutirão de emprego em São Paulo — Foto: VINICIUS NUNES/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO

Pessoa segura carteira de trabalho em mutirão de emprego em São Paulo — Foto: VINICIUS NUNES/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO

Porém, de acordo com informações revisadas, divulgadas em setembro deste ano (as mais recentes disponíveis), em 2020 foram criados 75.883 vagas formais, o que representa uma queda de 46,81% na comparação com o número divulgado pelo governo em janeiro.

Em nota, o ministério informou que a diferença no saldo de empregos criados em 2020 se deve a um aumento no número de declarações de contratação e demissão realizadas fora do prazo pelas empresas e que essa alta é provocada pelo processo de transição das declarações para o eSocial (leia a íntegra da nota ao final desta reportagem).

“A diferença no saldo da última atualização dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) reflete, na verdade, uma mudança no resultado bruto de admissões e demissões – apenas 3,6% de demissões a mais do que o informado no fim de 2020 e 1,8% de admissões a mais do que o informado no fim de 2020. Essa pequena diferença se deve a declarações realizadas fora do prazo pelas empresas declarantes”, informa a nota.

“Tradicionalmente, os dados do Caged) podem ser atualizados até 12 meses após a data de realização da movimentação (admissão ou demissão). A entrada de dados fora do prazo acontece quando as empresas declaram as informações de admissão e demissão após a competência em que a movimentação se realizou. A possibilidade de realizar esse tipo de declaração já existia no antigo Caged, havendo uma ocorrência um pouco maior neste momento devido ao processo de transição para a declaração via eSocial, que ocorreu para um número significativo de empresas ao longo de 2021”, continua o Ministério do Trabalho e Previdência.

“Reforçamos que os dados anunciados são reais e obedecem às informações declaradas pelas empresas, podendo ser ajustados para 2020 até o final de 2021. Todos os meses esses dados são atualizados e disponibilizados de forma transparente no painel público do Caged”, finaliza a nota.

Processo de revisão

Os números oficiais mostram que o governo já vinha implementando revisões dos dados no decorrer do ano de 2020.

A soma dos números mensais divulgados entre janeiro e dezembro do ano passado apontam para a criação de 280.449 empregos com carteira assinada.

Em janeiro de 2021, ao divulgar o número consolidado do emprego de 2020, entretanto, o governo indicou a criação de 142.690 vagas formais.

Nova metodologia

No ano passado, o governo realizou uma mudança na metodologia do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o que fez com que os dados recentes não possam mais ser comparados à série histórica anterior ao ano de 2020, segundo economistas ouvidos pelo g1.

Com a alteração metodológica, desde janeiro do ano passado, o cálculo do novo Caged passou a considerar outras fontes de informações. Além da pesquisa realizada mensalmente com os empregadores, o sistema também puxa dados do eSocial e do empregadorWeb (sistema no qual são registrados pedidos de seguro-desemprego).

A mudança gera impacto porque, segundo analistas, a declaração dos vínculos temporários à pesquisa do Caged é opcional – mas a inserção no eSocial é obrigatória. O Novo Caged, portanto, gera resultados maiores ao considerar esses vínculos, subdeclarados no sistema antigo.

Leia a íntegra da nota divulgada pelo Ministério do Trabalho e Previdência:

O Ministério do Trabalho e Previdência esclarece que a diferença no saldo da última atualização dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) reflete, na verdade, uma mudança no resultado bruto de admissões e demissões – apenas 3,6% de demissões a mais do que o informado no fim de 2020 e 1,8% de admissões a mais do que o informado no fim de 2020. Essa pequena diferença se deve a declarações realizadas fora do prazo pelas empresas declarantes.

Ressaltamos que, mesmo com a mencionada revisão, o saldo do Caged de 2020 se mantém positivo, em que pese o pior momento da pandemia da Covid 19. Este ano, o Brasil já registra saldo de mais de 2,5 milhões de empregos formais.

Tradicionalmente, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) podem ser atualizados até 12 meses após a data de realização da movimentação (admissão ou demissão). A entrada de dados fora do prazo acontece quando as empresas declaram as informações de admissão e demissão após a competência em que a movimentação se realizou. A possibilidade de realizar esse tipo de declaração já existia no antigo Caged, havendo uma ocorrência um pouco maior neste momento devido ao processo de transição para a declaração via eSocial, que ocorreu para um número significativo de empresas ao longo de 2021.

Reforçamos que os dados anunciados são reais e obedecem às informações declaradas pelas empresas, podendo ser ajustados para 2020 até o final de 2021. Todos os meses esses dados são atualizados e disponibilizados de forma transparente no painel público do Caged.

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