Chefe da CIA teve reunião secreta com líder do Talibã em Cabul

William Burns se encontrou com Mullah Abdul Ghani Baradar na segunda-feira (23) na capital do Afeganistão, revelou o jornal ‘The Washington Post’. CIA se recusou a comentar o assunto.

O diretor da CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos), William Burns, se reuniu secretamente no Afeganistão com Mullah Abdul Ghani Baradar, um dos cofundadores do Talibã e chefe político do grupo extremista, segundo o jornal "The Washington Post" — Foto: Montagem G1/Reuters

O diretor da CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos), William Burns, se reuniu secretamente no Afeganistão com Mullah Abdul Ghani Baradar, um dos cofundadores do Talibã e chefe político do grupo extremista, segundo o jornal “The Washington Post” — Foto: Montagem G1/Reuters

O diretor da CIA (agência de inteligência do Estados Unidos), William Burns, se reuniu secretamente no Afeganistão com Mullah Abdul Ghani Baradar, um dos cofundadores do Talibã e chefe político do grupo extremista.

A informação foi revelada pelo jornal “The Washington Post” e depois noticiada pelo “The New York Times”, a rede de televisão CNN e outros veículos de comunicação americanos.

A reunião ocorreu em Cabul na segunda-feira (23) e é o maior encontro entre o governo Joe Biden e o Talibã desde que o grupo extremista tomou a capital afegã e voltou ao poder após 20 anos.

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Procurada pelo jornal, a CIA se recusou a comentar a reunião com o Talibã. Segundo o “The Washington Post”, Burns é o diplomata mais condecorado do gabinete de Biden.

Baradar liderou o acordo de paz do Talibã com os EUA, durante o governo Donald Trump, e também negociava um cessar-fogo com o antigo governo afegão, antes da sua queda.

Ele havia sido preso em 2010 em Karachi, no sul do Paquistão, e foi libertado em 2018, a pedido de Trump, para participar das negociações de paz.

Ironicamente, Baradar ficou preso por oito anos após uma operação conjunta entre a CIA e o governo paquistanês.

O confudador do Talibã era próximo ao líder supremo do grupo extremista, Mohammad Omar, que o governo afegão disse ter matado em 2013 e o grupo extremista diz que morreu em 2015.

Baradar lutou contra as forças soviéticas durante a ocupação do Afeganistão, na década de 80, e foi governador de várias províncias na década de 90, quando o Talibã governou o país pela primeira vez.

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Saída do Afeganistão

O acordo de paz, assinado pelo governo Trump e o Talibã em fevereiro de 2020 em Doha, no Catar, previa a retirada das tropas americanas e de países aliados em maio deste ano.

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Biden manteve o acordo, mas adiou o fim da missão para 31 deste mês — e agora é pressionado por aliados a adiar novamente a saída do Afeganistão, apesar do alerta do Talibã.

Reino Unido, França, Alemanha e outros países dizem ser necessário mais tempo para evacuar seus cidadãos e afegãos que trabalharam para esses países e têm sido alvos do Talibã.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, afirmou ao jornal “Bild” que não é possível retirar todas as pessoas necessárias até o dia 31: “Mesmo alguns dias a mais, não será suficiente”.

Mas um porta-voz do Talibã advertiu que os EUA cruzarão uma “linha vermelha” se mantiverem as tropas além do prazo, prometendo “consequências” (veja no vídeo abaixo).

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Talibã de volta ao poder

O cofundador do grupo extremista voltou ao Afeganistão na terça-feira passada (17), após mais de dez anos no exílio (veja no vídeo abaixo).

Foi a primeira vez que um líder talibã do alto escalão retornou publicamente ao país desde 2001, quando foram expulsos pelos EUA após os atentados do 11 de Setembro.

O grupo extremista foi retirado do poder pelos EUA por esconder e financiar membros da Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama bin Laden e responsável pela queda das Torres Gêmeas e o ataque ao Pentágono.

Governo talibã

O Talibã comandava o Afeganistão desde 1996, adotando uma visão extremamente rigorosa da lei islâmica (sharia) e impondo restrições sobretudo às mulheres, que eram impedidas de trabalhar e estudar.

As visões islâmicas ultraconservadoras incluíam apedrejamentos, amputações e execuções públicas e a proibição de músicas, filmes e até a televisão.

O grupo extremista voltou ao poder no Afeganistão no domingo (15), após o presidente Ashraf Ghani fugir do país e o Talibã tomar a capital Cabul e o palácio presidencial.

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