Desemprego fica em 14,6% e atinge 14,8 milhões no trimestre encerrado em maio, aponta IBGE.

Taxa de desemprego foi a segunda mais alta da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012 e desacelerou na comparação com os dois trimestres imediatamente anteriores, que registraram a taxa recorde até então.

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 14,6% no trimestre encerrado em maio, apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso representa um contingente de 14,8 milhões de pessoas buscando por uma oportunidade no mercado de trabalho no país.

De acordo com o IBGE, esta foi a segunda maior taxa de desemprego da série histórica, iniciada em 2012.

A taxa recorde, de 14,7%, foi registrada nos dois trimestres imediatamente anteriores, fechados em março e abril. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad).

Evolução da taxa de desemprego - maio/21 — Foto: Economia G1

Evolução da taxa de desemprego – maio/21 — Foto: Economia G1

Trabalho por conta própria freia o desemprego

O IBGE apontou que o desemprego ficou estatisticamente estável em relação aos dois trimestres anteriores, graças ao trabalho por conta própria, que cresceu no período.

De acordo com a pesquisa, a população na força de trabalho, que inclui os trabalhadores ocupados e desocupados, cresceu em 1,2 milhão de pessoas na comparação com o trimestre terminado em fevereiro. Esse crescimento foi puxado pelo contingente de ocupados, que aumentou em 0,9%, o que representa 809 mil pessoas a mais ocupadas no mercado de trabalho.

Evolução no número de desempregados - maio/21 — Foto: Economia G1

Evolução no número de desempregados – maio/21 — Foto: Economia G1

O aumento da ocupação se deu, exclusivamente, puxada pelos trabalhadores por conta própria, única categoria profissional que cresceu no período, tendo registrado um avanço de 3% na comparação com o trimestre terminado em fevereiro.

“Esses trabalhadores estão sendo absorvidos por atividades dos segmentos de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, que cresceu 3,9%, o único avanço entre as atividades no trimestre até maio”, destacou a gerente da pesquisa, Adriana Beringuy.

Já na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a força de trabalho aumentou em 2,9 milhões de pessoas. Todavia, esse crescimento foi influenciado, principalmente, pelo aumento do desemprego – o país registrou 2,1 milhões de desempregados a mais em um ano.

“Muitas pessoas interromperam a procura por trabalho no trimestre de março a maio do ano passado por conta das restrições, já que muitas atividades econômicas foram paralisadas para conter a pandemia. Isso fez a procura por trabalho diminuir. Um ano depois, com a flexibilidade, essas pessoas voltaram a pressionar o mercado”, explicou Adriana.

Foram também os trabalhadores por conta própria que tiveram a maior expansão, em um ano, entre a população ocupada.

“O crescimento do trabalho por conta própria se deu, sobretudo, na agricultura (27%), construção (25%) e informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (24%). Os outros 24% foram disseminados nas demais atividades investigadas pela PNAD Contínua”, detalhou a gerente da pesquisa.

Trabalhadores por conta própria puxaram alta de ocupados em um ano — Foto: Economia G1

Trabalhadores por conta própria puxaram alta de ocupados em um ano — Foto: Economia G1

Em um ano, país perde 1,3 milhão de carteiras assinadas

A pesquisa mostrou que, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o trabalho com carteira assinada no setor privado teve queda de 4,2%, o que representa 1,3 milhão de trabalhadores a menos.

Já os empregados no setor privado sem carteira assinada tiveram um crescimento de 6,4%, o que representa um contingente de 586 mil pessoas a mais trabalhando nesta condição.

Na comparação com o trimestre terminado em fevereiro, porém, tanto o trabalho com carteira assinada quanto o sem ficaram estáveis no país.

O número de empregadores no país também teve queda na comparação com o mesmo período do ano passado – 311 mil a menos. O IBGE destacou que, dentre os empregadores, aqueles que possuem CNPJ registrou o menor nível da série.

As categorias de trabalhadores domésticos e de empregados no setor público, por sua vez, ficaram estáveis nas duas bases de comparação (trimestral e anual).

Informalidade cresce, mas segue abaixo do patamar pré-pandemia

O trabalho informal, apontado pelos especialistas como o primeiro a reagir diante de uma crise no mercado de trabalho, cresceu tanto na comparação com o trimestre terminado em fevereiro quanto ao mesmo período do ano passado. Todavia, ele ainda se encontra abaixo do nível pré-pandemia.

A taxa de informalidade no trimestre terminado em maio foi de 40%. No trimestre anterior, ela havia sido de 39,6%, enquanto um ano antes, de 37,6%.

O IBGE considera como trabalhador informal aqueles empregados no setor privado sem carteira assinada, os trabalhadores domésticos sem carteira, os trabalhadores por conta própria sem CNPJ, os empregadores sem CNPJ e os trabalhadores que não têm remuneração.

De acordo com a gerente da pesquisa, em maio o país somava 34,7 milhões de trabalhadores informais, cerca de 2,4 milhões a mais do que há um ano. Porém, na comparação com o trimestre pré-pandemia, entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020, são 3,4 milhões a menos de trabalhadores informais.

“Ou seja, por mais que os informais venham aumentando sua participação na população ocupada nos últimos trimestres, o contingente ainda está num nível inferior ao que era antes da pandemia”, enfatizou Adriana.

Perspectivas

O mercado financeiro estima para 2021 um crescimento de 5,29% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e inflação de 6,56%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.

Apesar da melhora nas projeções para o avanço da economia brasileira, economistas têm destacado que uma recuperação mais consistente do mercado de trabalho só deverá ser mais visível a partir o segundo semestre, e condicionada ao avanço da vacinação e à retomada do setor de serviços – o que mais emprega no país e o mais afetado pelas medidas de restrição para conter o coronavírus.

Este mês, a confiança desse setor subiu pela quarta vez seguida, atingindo o maior patamar desde março de 2004, e indicando que uma recuperação pode estar a caminho – ainda que dependendo fortemente do controle da pandemia no país.

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