Após 3 quedas seguidas, produção industrial cresce 1,4% em maio.

Com o resultado, indústria retomou novamente o patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, mas não eliminou as perdas dos meses de fevereiro, março e abril, que deixaram saldo negativo de 4,7%.

A produção industrial brasileira cresceu 1,4% em maio, na comparação com abril, interrompendo três meses consecutivos de queda, apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já em relação a maio de 2020, o crescimento foi de 24% – 9ª taxa positiva consecutiva nesta base de comparação.

O desempenho do quinto mês de 2021, porém, ficou pouco abaixo da mediana das estimativas de 30 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, de alta de 1,6%. As projeções iam de queda de 1% a expansão de 3,3%.

No ano, a indústria acumula alta de 13,1% e, em 12 meses, de 4,9%.

O indicador acumulado em 12 meses registrou a segunda taxa positiva após uma sequência de 22 negativas. O gerente da pesquisa, André Macedo, destacou que o resultado de maio, mais de quatro vezes superior ao de abril, demonstra que houve avanço no ritmo de crescimento do setor industrial.

Além disso, Macedo enfatizou que foi a primeira vez, desde outubro de 2018, que todas as categorias econômicas registraram taxa positiva para o indicador acumulado em 12 meses.

Indicador acumulado em 12 meses teve segunda taxa positiva após sequência de 22 negativas — Foto: Economia/G1

Indicador acumulado em 12 meses teve segunda taxa positiva após sequência de 22 negativas — Foto: Economia/G1

“Com o resultado de maio, a indústria chega ao mesmo patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia. Apesar do avanço, o setor ainda se encontra 16,7% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011”, destacou o IBGE.

O gerente da pesquisa destacou, ainda, que este patamar é o mesmo em que o setor industrial se encontrava em fevereiro de 2009.

Resultado não elimina perdas do período de fevereiro a abril deste ano

Segundo Macedo, a mudança de rumo observada em maio ainda não significa uma reversão do saldo negativo acumulado nos meses de fevereiro, março e abril deste ano, quando houve perda acumulada de 4,7%.

“Há uma volta ao campo positivo, mas está longe de recuperar essa perda recente que o setor industrial teve. Muito desse comportamento de predominância negativa nos últimos meses tem uma relação direta com o recrudescimento da pandemia, no início de 2021, que trouxe um desarranjo para as cadeias produtivas”, destacou o pesquisador.

Média móvel trimestral fica em -0,8%

A média móvel trimestral da indústria ficou negativa, em – 0,8%, no trimestre encerrado em maio de 2021, frente ao nível do mês anterior, mantendo a trajetória de perda de dinamismo iniciada em fevereiro de 2021.

Alta em 15 das 26 atividades pesquisadas

O crescimento da produção industrial em maio foi disseminado entre 15 das 16 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE. Nos meses anteriores, a disseminação era de taxas negativas, segundo apontou o gerente da pesquisa.

De acordo com o IBGE, os principais impactos positivos entre as atividades vieram de produtos alimentícios (2,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,0%) – ambas com queda em abril – e das indústrias extrativas (2,0%).

“A maior parte das atividades volta ao crescimento após perdas importantes nos meses anteriores. O setor de derivados do petróleo, por exemplo, que é o segundo maior impacto positivo do mês, havia recuado 10%. Isso significa que há algum grau de recomposição em relação às perdas dos últimos meses”, destacou Macedo.

Também se destacaram os resultados positivos da metalurgia (3,2%), de outros produtos químicos (2,9%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,0%), de bebidas (2,9%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (6,2%).

Já dentre as 11 atividades que registraram queda na produção em maio, as que mais impactaram negativamente o índice foram produtos de borracha e de material plástico (-3,8%), máquinas e equipamentos (-1,8%) e produtos têxteis (-6,1%).

Também houve disseminação de taxas positivas entre as cinco grandes categorias econômicas – três registraram crescimento em maio.

Resultados de maio por grande categoria:

  • Bens de capital: 1,3%
  • Bens de consumo: 1,5%%
  • Bens de consumo semiduráveis e não duráveis: 3,6%
  • Bens intermediários: -0,6%
  • Bens de consumo duráveis: -2,4%

O IBGE destacou que bens de consumo semi e não-duráveis registrou a primeira taxa positiva após três meses de queda, período em que acumulou perda de 11,4%.

Já bens de consumo duráveis registrou a sexta queda seguida, acumulando perda de 16,2% no período.

Perspectivas

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 3,4 pontos em junho para 107,6 pontos, segundo a Fundação Getulio Vargas. Trata-se da segunda alta seguida e da maior pontuação desde fevereiro. Apesar da melhora, o otimismo dos empresários continua sendo limitado pela escassez de insumos, aumento dos custos e demanda ainda fraca da economia.

O mercado financeiro estima atualmente um crescimento de 5,05% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2021. Para o resultado da produção industrial, a expectativa é de avanço de 6,23% no ano, após tombo de 4,5% no ano passado.

Economistas têm destacado que uma recuperação mais consistente do mercado de trabalho só deverá ser mais visível a partir o segundo semestre, e condicionada ao avanço da vacinação e também à retomada do setor de serviços – o que mais emprega no país e o mais afetado pelas medidas de restrição para conter o coronavírus.

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